Faz tanto tempo que não me sento e me disponho a escrever.
Talvez por falta de tempo, ou por não ter coragem de escrever. Uso das palavras
para meus desabafos e ando guardando tanta coisa dentro de mim que me faltou
coragem para escrever. É complicado quando você se vê fechado pro mundo, sem
querer falar com ninguém, sem querer explicar o que teu coração tanto quer
gritar. Minha vida virou de ponta cabeça e meu coração enlouqueceu-se.
Por tantas vezes julguei-me fraca por não saber lidar com
decepções. Por sofrer exageradamente, e perder total controle sobre minha vida.
Mas desta vez resolvi mudar, fazer diferente. Sofri porque tinha que sofrer.
Chorei para que de alguma forma a mágoa saísse ou pelo menos diminuísse aqui,
dentro de mim. Ergui minha cabeça e realmente quis ser diferente. Ser forte,
mas ser forte sozinha. Abri meu coração pra mim, deixei-o falar. Sem medo das
verdades que poderiam sair desta conversa, escutei-o com vontade. E ele falou e
falou e falou. Por alguns instantes brigou comigo, disse-me para parar de
maltratá-lo tanto. Fez-me ver o quão grande posso ser e perguntou-me por mais quanto
tempo iria continuar me fazendo menor do que os outros. A razão, por sua vez,
assustou-se. Tudo o que lhe era claramente certo, tornou-se uma escuridão
errada. E, por fim, enlouqueceu-se também. Eis que me vi sem razão, sem
coração, sem palavras e sem amor. Havia esquecido o que um coração magoado é
capaz de fazer. O quanto doía ver estes conflitos internos destruindo tudo
aquilo que achava ser eterno. Mas, como disse desta vez quis ser diferente.
Quis muito que fosse diferente. Quis testar cada um dos meus defeitos, cada um dos
meus medos e das minhas angústias. Quis ver o que me restava de bom. Mexi e
remexi nas lembranças mais doloridas e as mais felizes também. Sem medo de mim
mesma, sem medo das verdades que poderia encontrar dentro de mim. Eu me fiz do
avesso, eu me vi de dentro pra fora.
Por mais profunda que tenha sido a faxina, ainda restam
coisas a serem reorganizadas. Afinal, a vida muda e a gente muda e faz bagunça
o tempo todo. Enfim, cheguei a conclusões jamais feitas. E reuni tudo àquilo
que me fazia bem. Descobri minha real importância, sem ajuda e sem ninguém. E
pela primeira vez na vida, senti orgulho de mim mesma. Um orgulho tão grande
que não coube dentro de mim, explodiu por todas as partes do meu ser e
despertou um sentimento que até então me era desconhecido. O meu amor próprio,
aquele que te faz ser feliz sem precisar de mais nada além de você mesmo.
Entendi que não podemos colocar nossa felicidade na mão de ninguém, somos o bem
mais precioso que podemos ter. O melhor amor que existe é o amor próprio.
Entendi que não sou perfeita, e mesmo se passar a minha vida
inteira tentando ser nunca vou conseguir com êxito. Então é mais fácil eu me
assumir de uma vez, e mostrar pra todo mundo o que eu realmente sou, sem medo
das criticas. Porque por mais defeitos que eu tenha, por mais que eu cometa
milhões e milhões de erros, ninguém nunca vai poder dizer que não fui sincera.
Aliás, acho essa a minha melhor qualidade. Sempre digo o que acho que deve ser
dito, tento ser o mais transparente possível, porque talvez assim as pessoas
também façam isso comigo.
Ainda tenho muitas dessas faxinas para serem feitas. E espero
que com elas eu veja e aprenda o que é perdoar, e depois quem sabe, aprenda a
esquecer. Mas, por enquanto, vou tentar ser feliz e viver minha vida do jeito
que dá, sem atrapalhar ninguém. Quero sorrisos, por favor! Afinal de contas,
hoje sou melhor do que ontem, e sei que vou ser feliz independente do que
aconteça. Descobri que tenho muito amor a mim mesma.
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